Mercado: Lista Verde

Mais uma notícia baseada no que diz respeito à sustentabilidade: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) divulgou uma lista dos carros mais "verdes" comercializados no Brasil.

Os testes em carros flex foram executados tanto com álcool, quanto com gasolina, mas o resumo dos testes mostra somente o resultado com gasolina, sendo o carro flex ou não, a fim de deixar a análise mais justa, perante os carros que não são flex e que também foram envolvidos. A consciência do consumidor de veículos no Brasil ainda não está em nível com a Europa, onde o comprador leva em consideração o nível de emissão de poluentes de um carro, mas estamos caminhando para isso, com passos importantes como este.

A lista pode ser analisada em 3 partes: Os carros "verdes"; Os que menos emitem CO2 (que difere dos verdes pois leva em consideração somente a taxa de CO2 que o carro expele, e não outros fatores como economia e desempenho); e na outra ponta os carros com as piores notas.

A escala de notas varia de zero a dez. Quanto maior a nota, menos poluição emitida pelo carro. Pelo site do Ibama, onde é possível pesquisar cada carro individualmente, apenas oito tiveram nota maior ou igual a nove, e apenas um carro ficou abaixo de cinco.

Melhores índices Nota Verde:
1) Ford Focus – 9,4
2) Honda Fit EX 1.5 – 9,2
3) Nissan Tiida 1.8 – 9,2
4) Honda Fit LXL 1.4 – 9,1
5) Ford Edge 3.5 – 9,1
6) Chrysler PT Cruiser 2.4 – 9,0
7) Fiat Uno 1.0 – 9,0

Piores índices Nota Verde:
1) Chevrolet Corsa 1.4 Econo.Flex – 4,8
2) Peugeot 307 Sedan 1.6 – 5,2
3) Renault Scenic 1.6 – 5,6
4) Citroen C3 1.4 – 5,6
5) Citroen Xsara Picasso 1.6 – 5,6

Melhores Notas de CO2:
1) Honda Fit EX 1.5 – 10
2) Fiat Uno Way 1.0 – 9,8
3) Honda Fit LXL 1.4 – 9,7

Vale falar que as listas de "Notas Verde" atribuídas aos carros não consideram a emissão de gás carbônico (CO2), vilão responsável pelo "efeito estufa". Este dado está disponível apenas para os veículos movidos a gasolina. Segundo normas internacionais, a produção do álcool combustível a partir da cana-de-açúcar captura carbono da atmosfera, anulando a emissão de gás carbônico.

Acesse aqui o site do Ibama, e veja a lista. Procure seu carro, veja se você deu sorte e tem um carro que ajuda a não piorar o meio ambiente. Se você deu azar de ter um Corsa 1.4 EconoFlex, pense seriamente em trocá-lo futuramente por um carro mais consciente com o nosso ar.

Vinícius Esgalha – Que deu sorte, e tem um Ford Focus preto, que agora também é verde.

Mercado: Kia Soul

Rock 'n Soul - Curto bastante um Rock, em suas variações mais clássicas – de vertentes indies, até blues – e confesso que não sou fã de carteirinha do ritmo Soul. Mesmo assim não há como negar que as músicas de cantores como James Brown influenciaram ícones como Elvis Presley e Bob Dylan. O Kia Soul tem a mesma alma carismática, simplista, e cativante do ritmo que leva seu nome. Assim que vi o lançamento pelos comerciais empolgantes da TV eu fui até uma concessionária para ver de perto.


Já havia visto este carro no Salão do Automóvel, e eu estava aguardando seu lançamento. Mas eu já tinha perdido as esperanças de ver este carro rodando nas nossas ruas (seja pelo seu jeito jovial colorido e extravagante que não tem muita venda aqui, seja pela estratégia da Kia de se posicionar como marca Premium com carros como o Sorento e o Mohave). Se você reparar na propaganda, vai ver que ela não é rodada no Brasil, e o sinal mais fácil de perceber isto é que o carro que aparece na tela não será vendido aqui. Pelo menos não com aquelas variações de cores. Ao entrar no site da Kia, as opções são bem mais restritas e, digamos, abrasileiradas: preto, branco, vermelho, e umas três variações de prata. Há detalhes menores, como a grade dianteira com friso vermelho num carro preto, que não existe nem como acessório por aqui. Mas creio que esta e outras maquiagens devam aparecer em breve. Havia a lenda ainda, que a Kia declarou para a imprensa durante o Salão do Automóvel, onde dizia que o Soul seria vendido por aqui com uma série de apetrechos opcionais, dentre eles o interior multicolorido, e até chip de potência para elevar o morno motor 1.6 16V que o equipa. Não precisava ser nenhum adivinho pra saber que isso não chegaria aqui.

O Kia Soul parece ter saído de uma escola cubista de design, e que foi criado à base de régua e esquadro.
  • Ele não é um caixote sobre rodas como o Fiat Doblò – Ele tem personalidade, e deixa bem claro isso com seus faróis dando um ar de anime japonês, e com seu nome amplamente escrito no estofamento interior.
  • Ele veio aqui bem armado pra brigar com uma figurinha bem batida na nossa cartilha de carros: o Ford EcoSport. Ele não é um jipinho miniatura de um Land Rover – Ele se exime desta responsabilidade, e foca totalmente no conforto e bem estar dos ocupantes, e vê-se isso no grande entre-eixos, resultando em um amplo espaço interno.
  • Ele não é um carro que terá mais da metade das suas vendas para o público feminino, nem tem taxistas como alternativa, como Idea e Meriva – Ele agrada gregos com muitos porta-trecos espaçosos, design não agressivo, opção de câmbio automático, confortável e prático, e agrada troianos com linhas retas, vincos fortes, motor econômico com bom torque, robustez, e estabilidade.
Por falar em motor, o 1.6 litros, com 16 válvulas, é muito bem resolvido, e entrega 124 cv de potência e mais de 15 kgmf de torque. Mas não é flex. Os mais puritanos vão dizer que o bom consumo médio, 12 Km/L, supre a falta da flexibilidade na hora de abastecer, e de quebra aumenta a autonomia. Eu digo que ainda prefiro fazer 8 Km/L com álcool, incentivar a indústria brasileira a produzir este tipo de combustível, poluir menos a atmosfera e, de quebra, pagar menos na hora de parar no posto, mesmo que eu precise parar com mais freqüência. Em tempo: a Kia tem pretensões de usar este motor no Cerato, seu sedan médio. Nada mais justo ela pensar na possibilidade do bicombustível para se equiparar aos concorrentes.


Pecado da Alma - Disse anteriormente que o Soul veio bem armado pra brigar por espaço, mas logo que a gente vê ele no campo de batalha, percebe que ele é um cabo recém incorporado às forças, e que ainda tem muito o que aprender até chegar a postos mais altos. Ele chega no Brasil com um porta-malas menor que seus concorrentes (ao menos aparenta ser menor que Fiat Idea, GM Meriva e Ford EcoSport, mas não dá pra ter certeza já que a Kia não divulga o volume em Litros em seu site), e sem o bagagito pra tampar as tralhas largadas lá. Fato: ele tem uma boa solução de porta-trecos debaixo do assoalho do porta-malas, acima do estepe. Ele cobra caros R$ 52 mil reais (em sua versão mais simples, que nem está disponível ainda), e seu volante só tem regulagem de altura, sem profundidade, e não tem computador de bordo. Fato: ao mesmo preço um Novo Ford Focus traz tudo isso e muito mais. Existe um opcional salgado atribuído às versões mais caras que é um charme na propaganda: uma câmera que liga ao engatar marcha a ré, e que é exibida em uma tela dentro do retrovisor interno, que é eletrocrômico. Fato: alguém já avisou pra Kia que já haviam inventado os práticos e mais baratos sensores de estacionamento? Além destes que saltam aos olhos, existem pecados menores, como a ausência de luz no porta-luvas, ou a falta de atenção ao deixar de colocar apliques de tecido nos painéis de porta, ou um plástico emborrachado agradável ao toque nos porta-trecos espalhado pela cabine.


No final das contas, é um carro muito prático, muito cativante, mas que ainda falta um toque brasileiro na sua receita. Tenho certeza que ele vai vender muito por aqui, e que a Kia, depois da Carens, da nova Sportage, e do Mohave, acertou mais uma vez ao trazer um carro com tudo pra cair no gosto do povo. Se você tiver com dinheiro pra comprar um carro, e gostou do Soul, vá em frente e assine o cheque pois mesmo sendo lançamento e estando com o preço meio salgado, ele é vendido com redução de IPI. Eu prefiro esperar a versão 2010/2011 pra ver se a Kia finalmente vai fazer os ajustes pra deixar este carro perfeito pras nossas garagens.


Vinícius Esgalha – Que está desenvolvendo sérias intenções sobre o Cubo de Rubik da Kia.

Mercado: Renault Twingo

Bem, esta matéria foi induzida por uma pessoa que tem uma queda pelo Renault Twingo. Este carro, apesar de ter parado de ser comercializado aqui no Brasil em 2002 merece certa atenção, não diretamente proporcional ao seu tamanho.


Chamado injustamente de patinho feio, lançado em 1993, entrou no Brasil em 94, o Twingo é um carro que poderia partilhar a história de sucesso do Ford Ka: é um carro pequeno, pra quatro pessoas, bem produzido, com foco urbano, confortável e com acabamento muito bem elaborado. Versátil, apesar do porta-malas comportar menos que 170 litros (um Ka da primeira geração levava quase 190), ele já possuia recurso do branco traseiro corrediço, e quando dobrado, pode levar mais de 1000 litros.

Seu motor é condizente com seu tamanho diminuto - começou a ser vendido com um motor 1.2 de 55 cv importado da França, em 99 passou a ter um novo motor 1.0 8V de 59 cv, e em 2002 recebeu cabeçote de 16 válvulas, passando à 68 cv. São números acanhados, mas comparáveis aos nossos 1.0 da época e, dado seu tamanho, lhe proporcionava um desempenho justo.

Tamanho não é documento - Este carro tinha acabamento de padrão internacional. Enquanto nossos carros por aqui não tinham nem direção hidráulica, nem vidros elétricos, air-bag era luxo inimaginável em carros desta categoria. Mas o Twingo tinha estas bolsas infláveis na maioria das versões, além das barras de proteção lateral. Ponto para os importados da época. Em 99, quando passou a vir do Uruguai, foi inaugurado a versão Pack, que incluia ar condicionado, vidro elétrico, e CD player com comando no volante. Na sua despedida, em 2002, veio o pacote de luxo Initiale, que contava inclusive com rodas de liga leve, bancos de couro e faróis de neblina.

No mercado de usados, o Twingo é coisa não muito comum de se ver, mas quem tem garante que é um bom carro e que aguenta o tranco. Há algumas versões consideradas 'mico', como a Easy, que conta com um sistema de embreagem automática - algo como o Palio Citymatic. Nestas épocas de IPI reduzido pra acalmar a crise, o que fez os preços dos carros darem uma reduzida geral, com R$ 12 mil é possível barganhar por uma versão 2001, completa. O segredo de manter este carro andando é a nossa velha conhecida manutenção preventiva.


Lá fora as coisas são diferentes - É uma pena que a Renault tenha parado de importar (ou até pensasse em fabricá-lo por aqui) este carro. Na Europa ele virou carro de gente grande, e se ele estivesse aqui, com certeza roubaria a cena do Citroën C3, ou do Peugeot 207. Tudo bem que ele é menor que estes concorrentes, mas dado seu carisma e design cativante ele teria um público devoto de carteirinha.

- Vinícius Esgalha, que até teria o trabalho de comprar um Twingo antigo e restaurar, só pra dar pra pessoa supra citada. Mas falta dinheiro.