Mercado: Como Escolher seu Carro?

“Brasileiro é apaixonado por carro”. Essa é uma frase padrão, já proferida até em comerciais de TV, e ela reflete o estágio em que a nossa economia se encontra. Hoje, graças a planos econômicos implantados desde a década de 90, o carro é um bem de consumo que abrange até classes mais baixas: é possível comprar um carro pagando R$ 1,00 (um real) de entrada, e dividindo todo o restante em mais de cinco anos, pagando parcelas próximas de 300 reais.

Não pense que isto é bom, mas tem seus pontos favoráveis. Não vou entrar neste mérito neste post. O carro hoje é um bem de status, de poder, e já está deixando de ser um meio de transporte. Vide os recordes de trânsito batidos em varias cidades.

O fato é que todo mundo compra carro hoje em dia, e com tantas opções no mercado, como é possível chegar à conclusão sobre o carro ideal? Existem alguns passos básicos para isso:

Defina seu limite.
Se você só pode gastar até 30 mil reais, então não procure carros que comecem em R$ 29.900, já que o IPVA cobrado em São Paulo, por exemplo, ficaria em R$ 1.196, o seguro perto dos R$ 1.600, e alguns acessórios já somariam mais R$ 2.000, e no final você gastou R$ 34.696. Escolha um nível de valor, e procure carros que custem de 2 a 4 mil reais a menos do que isto.

Não se deixe levar.
Tanto por impulso, quanto por promoções ‘arrasadoras’. A compra de um carro deve ser feita com calma, e uma boa pesquisa pode levar alguns meses. Mesmo se você estiver decidido, nunca compre o carro na primeira vez que for à concessionária: demonstre interesse, e espere o vendedor lhe procurar, ele com certeza fará uma proposta mais tentadora, e vocês farão um acordo melhor. Outra coisa que deve ser evitada são as promoções que são anunciadas como ‘último final de semana’, ou ‘feirão de fábrica’. Elas trazem muitas ofertas boas, mas na maioria das vezes, a venda acaba sendo por impulso, e quem vai ficar com a sensação de ter feito besteira depois é o comprador.

Tenha o dinheiro em mãos.
Não faça a besteira de comprar um carro sem entrada, ou com entradas inferiores a 50% do valor do veículo. O ideal é que você tenha o dinheiro integral à vista, mas isso acontece em menos da metade das vendas realizadas hoje. O consórcio é uma boa opção para quem não tem a determinação de juntar dinheiro em poupança, e para quem não quer esperar para ser contemplado em consórcio, existem dois métodos bastante utilizados para parcelar o restante do valor, o financiamento e o leasing. O financiamento está em desuso por que os vendedores adoram empurrar o leasing. O leasing é uma ótima opção, pois costuma ter taxas de juros menores que as do financiamento, porém no leasing o veículo é do banco até terminar as parcelas e caso você não consiga pagar, você pode ser obrigado a devolver o bem, e outra coisa que nenhum vendedor fala é que se você faz um leasing e as parcelas fiquem em R$ 832,78, e se você deseja antecipar algumas parcelas, o valor de cada parcela continua inalterado, enquanto que no financiamento, existe abatimento dos juros em caso de pagamento adiantado.

Conheça seus concorrentes (1).
Não os seus inimigos, mas os concorrentes do carro que você escolheu. Se por exemplo você escolher um GM Celta, quer seja por admiração, por preço ou por indicação de um amigo, leve em consideração também um VW Gol, um Fiat Palio, um Ford Ka e outros carros na mesma faixa de preço e categoria. Não misture carros de valores e categorias diferentes, a menos que você tenha dinheiro suficiente para pagar pelo de maior valor, e que esteja envolvendo escolhas emocionais. Neste caso é possível comparar um VW New Beetle com um Chrysler PT Cruiser, mesmo com sua diferença de categoria absurda e diferença de preço passando dos R$ 20 mil, eles são concorrentes diretos: ambos os compradores agem por emoção, são saudosistas, e optaram esses carros pelo status e pelo estilo retrô.

Conheça seus concorrentes (2).
Não basta levar em consideração, tem que conhecer. Vá até uma concessionária, agende um test drive, peça emprestado o carro pro cunhado, admire o carro na rua, procure opiniões na internet, veja comparativos em revistas. Todos esses itens são essenciais para formar sua opinião sobre seu futuro carro. É nesta fase que se costuma mudar de opinião, e gostar de um carro que nem passava pela sua cabeça.

Porque não um usado?
Com o mercado aquecido, as fábricas a todo vapor, as revendas faturando alto, você já parou pra se perguntar pra onde vão todos os carros usados? Eles vão para as concessionárias, no setor de usados, e acabam indo parar nas ruas de novo. Acontece que como o mercado brasileiro nunca havia vivenciado compras e vendas tão freqüentes, é possível encontrar carros com menos de um ano de uso, com menos de 15 mil km rodados, em ótimo estado, revisados e com garantia. Por exemplo, pagando 36 mil reais você pode comprar um VW Fox 1.6 ‘seco’ zero km, sem opcionais (nem sequer uma trava elétrica), ou um Peugeot 307, com três anos de uso, com motor 1.6 16 válvulas, recheado de opcionais (inclusive ABS).

Pesquise todos os gastos.
Não é só o valor do carro que está envolvido. Consulte seu corretor, faça uma cotação de seguro para seu perfil, às vezes um carro mais barato pode sair mais caro. Uma VW Parati 1.8 Plus começa custando R$ 39.170, e sua principal concorrente a Fiat Palio Weekend 1.8 HLX começa em R$ 48.520. São mais de nove mil reais de diferença, mas o custo do seguro da perua da VW pode chegar a mais do dobro do prêmio pago pela perua da Fiat, e você acaba tendo o retorno desses R$ 9.000 de diferença em menos de 3 anos. Leve em consideração também a desvalorização do veículo. Por padrão, quanto mais caro, mais desvaloriza, mas esta regra tem lá suas exceções, pesquise em revistas do ramo as desvalorizações padrão para cada modelo que procura. Procure também saber quanto custa a manutenção, o reparo. Um carro mais requintado pode custar barato para comprar, mas pode ser uma surpresa quando for trocar um farol, por exemplo.

Pare e pense.
Você precisa mesmo de um carro? Você precisa de um carro novo? Você vai ter dinheiro para pagar? Vai valer a pena? O carro que você escolheu, serve para o que você precisa? Se você respondeu não para algum dos itens acima, volte para o primeiro tópico e comece de novo a busca pelo carro ideal. Se sim, é bom ler de novo pra ter certeza, afinal, você não está comprando um lanche numa rede de fast food e você não pode se arrepender depois.

Ao ataque.
Vá até a concessionária, converse com o vendedor. Se a conversa não está agradando, procure outra concessionária. O poder está na mão de quem compra, e não o contrário. O atendimento pode fazer toda a diferença, desde o cafezinho oferecido até a honestidade de mostrar os pontos bons e ruins do carro, mostrar todas as taxas embutidas e os valores totais que deverão ser desembolsados. Não realize uma compra (e isto vale para outros mercados além do automobilístico) se você não se sentir bem, e se isto não for te fazer feliz, se não for cumprir uma necessidade. Chegando à conclusão, vá em frente, teste, compre, faça seguro, dirija com cuidado, e seja feliz!

- Vinícius Esgalha, que está feliz por ter arrancado os cabelos procurando o carro ideal.

Um comentário:

Renata disse...

É verdade, é importante escolher bem o carro. Já pensou vc compra um pela emoção e fica com um mico?