Ponto de Vista: Transito de São Paulo

É difícil começar um assunto desses, sem ser repetitivo: a cidade que não podia parar, parou. São Paulo não suporta mais o trânsito de hoje. Recordes de transito são registrados dia após dia.

Compartilhem comigo a frustração que é dirigir em São Paulo:


Qual a causa deste trânsito? Inúmeras: manutenção dos carros, precariedade das vias, auto-escolas que não ensinam a dirigir, motoristas com CNH comprada, imprudência, acidentes, transporte público sucateado, e outras sem-número de causas, que se resumem a um só problema: quantidade de carros.

Medidas Paliativas
Há muitos carros circulando, isto é fato. Há meios de diminuir? Poucos. É possível promover renovação de frota, incentivando a venda de carros zero Km, mandando para ferros-velho carros antigos e tirar de circulação carros sem condições de andar. Com isso iríamos reduzir acidentes, diminuir os índices de poluição, e melhorar a qualidade do transito - Mas a experiência prova que isso somente fez aumentar desenfreadamente a quantidade de carros existente.

É possível também investir em manutenção das rodovias, ruas, estradas e avenidas, aumentando sinalização, organizando o tráfego, mantendo asfaltos e calçadas em perfeitas condições. Com isso teríamos uma melhor fluidez do trânsito - Mas a realidade é que o custo/benefício desta ação é muito alto.

Também dá pra investir em um sistema de Auto-Escola que realmente ensine motoristas a dirigir, e não simplesmente a passar na prova prática, que consiste em dar uma volta no quarteirão. Assim teríamos motoristas realmente habilitados para dirigir decentemente - Mas na prática, a máfia que existe por trás das auto-escolas não deixa isto acontecer.

Tudo o que foi citado acima são medidas paliativas, que na prática, não chegam a surtir efeito significativo. Se voltarmos 10 anos atrás, São Paulo estava próximo do caos que está hoje, e foi então implementado uma outra medida paliativa: o rodízio de veículos. Em outras palavras, tapar o sol com peneira, e adiar o problema que poderia ter sido resolvido (ou minimizado) naquela época.

Luz no Fim do Túnel
O que deve ser feito, sem promessas eleitoreiras, é definitivamente investir no transporte público de larga escala – ferrovias, e corredores de ônibus. Só que é fácil pra um político falar que vai fazer novas linhas de metrô, modernizar os trens, fazer rodoanel, sendo que não há verba para isso. Uma alternativa, muito criticada por quem não entende a fundo como funciona, é a concessão. O que deveria ser feito é abrir concessões para linhas de metrô, com metas para ampliar a malha ferroviária em pelo menos 200% em cima dos pouco menos de 100 Km de linhas de metrô existentes.

Ainda outra alternativa para a obtenção de verba destinada para este tipo de investimento, é formar concessão sobre vias principais, como as marginais, implementar pedágios, com a intenção de financiar as obras de metrô, trem, rodoanel, corredores de ônibus, etc.

Sei que ninguém gosta de pagar pedágio, e esse é um dos grandes motivos pelo qual ele funciona: ninguém gosta de colocar a mão no bolso, e com isso, temos menos carros circulando. A propósito, segue uma ótima analogia de pedágio.

O pedágio é uma forma de incentivar o uso de transporte coletivo; é um ótimo método para diminuir a imagem de status que o carro proporciona, e que faz levantar suas vendas; é o melhor jeito de cobrar dos que mais têm dinheiro, que não abrem mão do conforto do carro; de cobrar de quem realmente precisa andar de carro, e justamente por estar presente, é quem colabora com o transito; e de inibir a utilização do veículo por quem tem alternativas e que pode colaborar com a diminuição do transito usando o ônibus, caminhos alternativos, bicicleta, jegue, carona, a pé, etc. Há projetos tramitando para que haja desconto no IPVA para quem paga pedágio. Nada mais justo, afinal o IPVA não é usado devidamente, e o pedágio, por estar sob comando da concessão, irá obrigatoriamente retornar em investimentos em transporte.

É isso.

- Vinícius Esgalha, que também não gosta de pagar pedágio, mas considera dos males, o menor.

3 comentários:

Unknown disse...

Eu acho que cedo ou tarde, o uso de pedágios será inevitável. O problema é o trânsito que a cancela do pedágio vai causar (vide o pedágio da Imigrantes e a fila que ele provoca).

Será que vão obrigar os motoristas a pagarem um "sem parar"?

Outra: a construção de mais linhas de metro em SP é extremamente difícil e envolve muito gasto com desapropriações. SP já está muito consolidada e dificilmente se acha espaço pra novas estações.

Eu acho que não existe uma só medida milagrosa que vai resolver o problema, mas sim uma série de medidas. E todas demandam investimento pesado, da prefeitura e do estado (e se bobiar até federal, já que inegavelmente SP é o carro chefe de nossa economia).

O jeito é esperar pra ver quando a nossa corja de governantes vai resolver por a mão no bolso.

Vinicius Esgalha disse...

e o Aerotrem? hahaha!

Bem, seja com desapropriação, ou com investimento em alta tecnologia, tem que ser feito... o que não pode é ficar parado como está.

O 'Sem-Parar' é uma tecnologia que deveria ser difunfida, e ao invés de pagar uma taxa de manutenção, quem usa deveria ter desconto e ser incentivado a usar, o que não ocorre hoje.

Anônimo disse...

O mais interessante (ou não) de tudo isso é alguns mídias contraditórios que publicam notícias, editoriais, artigos, reportagens, seja lá o que for, mostrando o caos de São Paulo e o descaso nas rodovias, mas quando você olha os anúncios do veículo de comunicação, verá que a maioria é de condomínios luxuosos, enormes, grandes "parques" residenciais etc. Ou seja, falar é facil. Difícil é agir. Não é por acaso que são raríssimos os jornais que citam ser as grandes construções as causadoras do "aperto" causado nas estradas.

parabens pelo blog!

abraços :)